Uma interpretação diferente para a música “Eu nasci há 10 mil anos atrás”

Por Isaias Costa

A música “Eu nasci há 10 mil anos atrás” certamente é uma de suas músicas de maior sucesso até hoje. Como o Raul compôs centenas de incríveis obras de arte, sabemos que elas nos permitem fazer as mais diversas interpretações.

A interpretação mais comum desta música está conectada fortemente ao conceito de vidas passadas, no qual o Raul fala que nasceu há 10 mil anos atrás porque já viveu muitas vidas e o personagem do velhinho sentado na calçada seria um ser praticamente iluminado e que recordava destas inúmeras vidas passadas.

Porém, refletindo bastante sobre essa letra pensei numa nova interpretação super coerente e sei que vocês, que são mega fãs do Raulzito, vão gostar!

A música começa com o Raul falando:

“Um dia, numa rua da cidade
Eu vi um velhinho sentado na calçada
Com uma cuia de esmola e uma viola na mão
O povo parou pra ouvir, ele agradeceu as moedas
E cantou essa música, que contava uma história
Que era mais ou menos assim..,”

Percebam! Era um velhinho mendigo. Nós costumamos não dar atenção à um mendigo quando vemos algum na rua não é verdade? Então de cara o Raul está nos revelando que muitas vezes as pessoas mais sábias não aparentam ser!

Sabe o que podemos pensar a respeito desse senhor? Ele já tinha tanta bagagem de estudos de uma vida inteira que ao dizer que nasceu há 10 mil anos atrás, na realidade ele absorveu os mais diversos conhecimentos de 10 mil anos ou mesmo de antes disso…

Veja só que almanaque de conhecimentos era esse tal de Raulzito! Ou quem sabe o personagem descrito por ele…

Eu vi Cristo ser crucificado

Ele estudou a Bíblia sagrada com bastante afinco pra falar sobre Jesus com tanta maestria não só nessa mas em outras músicas incríveis como por exemplo, a “Um Messias Indeciso”.

O amor nascer e ser assassinado

Ele estudou as mais diversas teorias e ideias malucas sobre o nascimento e morte do amor.

Eu vi as bruxas pegando fogo pra pagarem seus pecados

Ele tinha vasto conhecimento do tempo da Idade Média sob o total predomínio da Igreja Católica que matava muitas mulheres de forma absurda por discordarem das imposições que a própria igreja implantava…

Eu vi Moisés cruzar o Mar Vermelho
Vi Maomé cair na terra de joelhos
Eu vi Pedro negar Cristo por três vezes diante do espelho

Aqui ele traz os mais vastos conhecimentos das religiões Cristãs e também do Judaísmo e Islamismo, que têm grande reverência pelos profetas Moisés e Maomé.

Eu vi as velas se acenderem para o Papa
Vi Babilônia ser riscada do mapa
Vi conde Drácula sugando o sangue novo
E se escondendo atrás da capa

Aqui ele faz menção às reverências que com o passar do tempo foram feitas aos papas. Fala sobre a História Mundial com a destruição da Babilônia. Conta sobre a História de Drácula e dos vampiros. O Raul sem dúvida leu muito, estudou muito sobre todas essas coisas…

Eu vi a arca de Noé cruzar os mares
Vi Salomão cantar seus salmos pelos ares
Eu vi Zumbi fugir com os negros pra floresta
Pro quilombo dos Palmares

Aqui ele traz mais ideias incríveis da Bíblia sagrada dos cristãos. Traz também ideias muito bacanas sobre os salmos de Salomão, além da História do Brasil com Zumbi e o quilombo dos palmares. O Raul era mesmo um cara muito versado em História concorda?

Eu vi o sangue que corria da montanha
Quando Hitler chamou toda a Alemanha
Vi o soldado que sonhava com a amada
Numa cama de campanha

Aqui ele traz de forma condensada várias coisas sobre a Alemanha do tempo do Hitler e os outros ditadores daquela época. O Raul gostava de ler sobre as inúmeras guerras e revoluções mundiais, por isso coloca isso de forma tão brilhante dentro dessa música.

Eu li os símbolos sagrados de Umbanda
Eu fui criança pra poder dançar ciranda
E, quando todos praguejavam contra o frio
Eu fiz a cama na varanda

Nessa estrofe o Raul fala sobre os conhecimentos da Umbanda, religião que ele era absolutamente encantado. Fala sobre as incríveis danças de ciranda. Outra ideia genial é sua vontade de desobedecer, de sair das ideias preconcebidas. Dormir na varanda em noite fria é coisa de maluco, e o Raul era maluco o suficiente pra encarar um desafio desses…

Eu tava junto com os macacos na caverna
Eu bebi vinho com as mulheres na taberna
E quando a pedra despencou da ribanceira
Eu também quebrei a perna
Eu também

Eu fui testemunha do amor de Rapunzel
Eu vi a estrela de Davi a brilhar no céu
E pra aquele que provar que eu tô mentindo
Eu tiro o meu chapéu

Nessas estrofes finais ele conta sobre os homens das cavernas, sobre as noitadas nas tabernas, que eram típicas no século XIX e XX. Conta ideias malucas de astrologia com a estrela de Davi. Ainda cita a história da Rapunzel, que é interessantíssima e cheia de simbolismos.

Mas sabe qual é outra ideia fantástica dentro dessa música que muitos não se dão conta? Está no refrão, que ele diz: “Não tem nada nesse mundo que eu não saiba demais”.

Esse demais pode ser interpretado como aquele cara que estudou um montão de coisas mas que não é um especialista em nada. Nessa hora eu sempre me lembro do grande escritor Rubem Alves que chamava esses especialistas de “grandes mestres”, pessoas que com o passar do tempo “sabem cada vez mais de cada vez menos”.

O Raul era o completo oposto dessa ideia. Uma prova concreta disso é que ele passou assim que terminou a escola pros cursos de Direito, Filosofia e Psicologia, estudando com afinco apenas por 6 meses num cursinho. E o maior objetivo dele ao passar no vestibular era impressionar o futuro “sogrão” norte-americano, que jamais permitiria que sua filhinha linda casasse com um rapaz que “não quisesse nada com a vida”. O Raul Seixas? Nada com a vida? Que criaturinha iludida hein? hehehe

Ao afirmar não saber “demais” o Raul está dizendo que conhece muitas coisas, mas sem tanta profundidade assim. E penso que essa é uma das virtudes que mais admiro nele e me faz ser um super fã dele, pois eu carrego em mim essa mesma pegada. Estudo diversos conteúdos e áreas diferentes, mas jamais posso abrir a boca e dizer que sou um especialista nisso ou naquilo, porque definitivamente eu não sou!

E então? Gostou dessa interpretação um pouquinho diferente dessa linda música? Se você quiser acrescentar alguma ideia sua, fique à vontade pra comentar. Esse espaço é nosso! Um espaço que só tem amantes do mestre Raul…

E viva Raul! Viva o Rock brasileiro…

Uma interpretação diferente para a música “Eu nasci há 10 mil anos atrás”

Será que Raul Seixas morreu cedo demais?

Por Isaias Costa

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Raul Seixas morreu no dia 21/08/1989 aos 44 anos. Publico esse pequeno texto em homenagem a ele 30 anos depois, no dia 21/08/2019, levantando essa pergunta do título: Será que Raul Seixas morreu cedo demais? Muitos dirão que sim, outros que não, e outros simplesmente dirão, não sei!

Lendo o livro “Raul Seixas: Estudos Interdisciplinares”, que traz uma coletânea de artigos, no artigo da Mônica Buarque intitulado “Rebeldia e negociação na trajetória artística de Raul Seixas”, dois trechos me chamaram bastante atenção e me inspiraram na escrita desse texto.

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Será que Raul Seixas morreu cedo demais?

Uma interpretação da música “Faça, fuce, force” a partir de Tomás de Aquino

Por Isaias Costa

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No momento em que escrevo esse texto estou lendo um texto bastante complexo do filósofo e teólogo da Idade Média Tomás de Aquino. O texto “Suma Teológica”.

Em determinado trecho que li foi impossível não associar a ideia ao Raul Seixas. Fiquei pensando: “Será que ele leu o Tomás de Aquino?”. Confira!

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“Se o gosto somente sente a própria paixão, quem, tendo-o são, julgar que o mel é doce, julgará com verdade; e semelhantemente, quem, tendo o gosto corrompido, julgar que o mel é amargo, julgará com verdade. E ambos julgarão de acordo com o modo pelo qual o próprio gosto é afetado. Donde resulta que todas as opiniões serão igualmente verdadeiras.”

Tomás de Aquino – Suma Teológica Questão 85- Art.2

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Uma interpretação da música “Faça, fuce, force” a partir de Tomás de Aquino

Tente outra vez

Por Isaias Costa

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Esses dias estava lendo textos no facebook e acabei me deparando com uma crônica lindíssima da querida escritora gaúcha Martha Medeiros. Na mesma hora que li a primeira pessoa que me veio em mente é claro que foi ele: Raul Seixas! Eu não duvido nada que ela tenha ouvido essa música no dia que escreveu essa crônica! hehehe

Farei uma breve reflexão a partir de um trecho dessa crônica linkando com a linda música do Raulzito.

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Tente outra vez

Seja feita a sua vontade

Por Isaias Costa

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Quem gosta de ouvir as músicas do Raul Seixas e já leu algo sobre ele sabe bem que uma das suas maiores referências e inspirações foi o ocultista e escritor Aleister Crowley. Foi também inspirado nele que o Raul fundou a “Sociedade Alternativa”, que nunca foi um grupo ou uma seita, mas uma filosofia, um modo novo de ver a vida, tendo sempre a LIBERDADE como mola propulsora!

Estava lendo algumas palavras do Crowley que me inspiraram a escrever esse texto que você lê agora. Farei uma breve reflexão a partir delas…

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“Existem muitas aflições e muitos sofrimentos que redundam dos erros dos homens com respeito à Vontade. Mas não existe nenhum maior do que este: a interferência dos intrometidos. Pois tais intrometidos pretendem conhecer o pensamento de um homem melhor do que ele mesmo, dirigir a Vontade dele com mais sabedoria do que ele e fazer planos para a felicidade dele. E de todos esses, o pior é aquele que se sacrifica para o bem dos seus semelhantes. Quem é tolo a ponto de não fazer sua própria Vontade, como será ele sábio para fazer aquela de outrem?”

Aleister Crowley

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Infelizmente, nós vivemos numa sociedade na qual a maior parte das pessoas se INTROMETE na vida dos outros, o que representa algo terrível, um verdadeiro dano à pessoa, àquela que se intromete e ao próprio desenrolar do processo evolutivo do planeta.

Você acha que estou exagerando? NÃO. Não estou mesmo!

Até escrevi em outro texto que INTROMISSÃO significa “entrar na missão de outra pessoa”, ou seja, sempre que me intrometo na vida de alguém, de alguma forma contribuo para que haja um desvio da rota dessa pessoa, um desvio no seu próprio caminho evolutivo. É algo muito mais sério e profundo do que imaginamos. O Raul entendia isso melhor do que ninguém, por isso ele permitia que cada um fosse o que quisesse ser, realizasse o que quisesse e pensasse o que quisesse.

Estou em outras palavras falando sobre a música “A lei”, que foi integralmente inspirada nos escritos do Crowley. Ela é um verdadeiro HINO À LIBERDADE.

“Todo homem tem direito de pensar o que quiser/ Todo homem tem direito de amar a quem quiser/ Todo homem tem direito de viver como quiser/ Todo homem tem direito de morrer quando quiser…”

Outro ponto interessantíssimo é quando ele fala sobre AGRADAR AOS OUTROS. Todas as pessoas que querem agradar demais ainda não se conhecem em profundidade. Elas fazem isso no fundo porque se sentem INSEGURAS e provavelmente têm altos COMPLEXOS DE INFERIORIDADE.

Não tem outro caminho. Para que você deixe de querer agradar a todos é preciso desenvolver a AUTENTICIDADE, uma das maiores virtudes que o Raul tinha.

E como se desenvolve a AUTENTICIDADE? Deixando de querer agradar a todos e sendo sempre verdadeiro com o que pensa e o que sente.

Se alguém não gosta de você, PACIÊNCIA. Só isso! Lembra o famoso ditado? “Nem Jesus agradou a todos…”. E você está querendo agradar a todos? É bom descer um pouco desse pedestal você não acha? É bom baixar um pouco mais a sua bola e ser mais humilde concorda comigo?

Para que você continue refletindo um pouco mais sobre essa questão, compartilho um texto importante do blog que vai em cheio em tudo que estou colocando aqui.

Sugestão de leitura => O risco de querer agradar a todos

Concluo essa breve reflexão com a frase que praticamente resume toda a filosofia do Raul Seixas e do grande Aleister Crowley. Uma linda frase da música “Messias Indeciso”.

“Seja feita a sua vontade! Siga o seu próprio caminho pra ser feliz de verdade”.

Não é se intrometendo na vida dos outros que você será feliz, mas somente quando você seguir seu próprio caminho, respeitando o caminho e as escolhas dos outros, sem se achar superior nem inferior a ninguém, apenas sendo você mesmo…

Viva Raul!

Seja feita a sua vontade

Por que eu preciso da aprovação dos outros?

Por Isaias Costa

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Estava lendo o livro fantástico do pai da Psicanálise Sigmund Freud intitulado “Psicologia de grupo e análise do ego”, de 1921, e um trecho em especial me chamou bastante atenção e me inspirou a escrever o texto que você lê agora! O trecho diz o seguinte:

“Se um indivíduo abandona a sua distintividade num grupo e permite que seus membros o influenciem por sugestão, isso nos dá a impressão de que o faz por sentir necessidade de estar em harmonia com eles, de preferência a estar em oposição a eles, de maneira que, afinal de contas, talvez o faça ‘em consideração a eles’”.

Sigmund Freud

********************

Nestas poucas palavras ele faz uma dura crítica à falta de AUTENTICIDADE da grande maioria das pessoas, que tem medo de questionar, medo de duvidar, medo de bater de frente com ideias, posturas, dogmas, instituições e por aí vai…

Nessa hora eu acabo me lembrando de duas frases incríveis do grande Raul Seixas, que desde sempre batia de frente com o sistema e queria seguir as suas próprias regras e leis. As frases: “Não sei onde eu tô indo mas sei que eu tô no meu caminho, enquanto você me critica eu tô no meu caminho…”, da música “No fundo do quintal da escola”, e “Siga o seu próprio caminho pra ser feliz de verdade…”, da música “Messias Indeciso”.

Essas frases do Raul mostram claramente o quanto ele era corajoso no mais profundo da palavra, que significa “viver pelo coração”. Ele não estava nem aí para o que os outros achavam dele, dos seus pensamentos e das suas ideologias. Ele queria apenas viver e ser feliz ao modo dele.

Infelizmente, o que o Freud critica em todo esse livro dele são os comportamentos de massa, de rebanho, que entorpecem o nosso senso crítico e nosso poder de escolhas e decisões.

Ele discordava de forma ferrenha e eu sem medo algum concordo com ele. Não sou tão cético ao ponto de dizer que os grupos religiosos ou ideológicos não são bons de um modo geral, mas tenho bastante cautela em não aceitar cegamente o que eles propõem.

Meu intuito ao escrever esse texto é apenas lhe levar a fazer esses simples questionamentos: “Até que ponto eu estou pensando por mim e seguindo aquilo que eu acredito de fato, com sinceridade?”. Esse é o tipo de questionamento que pode deixar um fundamentalista religioso com muita raiva de mim, mas vem cá? Será que estou fazendo um questionamento tão errado assim? Tão afrontador assim? Será que é errado eu pensar com a minha própria cabeça e não com aquilo que os outros me dizem que é o certo? O verdadeiro? Vamos! Não tenha medo de se questionar! Se você está aqui e está lendo esse texto até agora é porque no fundo já vem pensando sobre isso, senão já teria fechado esta aba há muito tempo! hehehe

Preciso falar sobre um medo que assusta muita, mas muita gente. O MEDO DA SOLIDÃO. O Freud está falando sobre isso indiretamente nessas palavras.

As pessoas têm NECESSIDADE de estarem em harmonia com as outras do grupo em “consideração” a elas! Veja só! O Freud colocou entre aspas. Por que será hein? Pois é! Pra questionar o leitor!

Se elas têm necessidade de estar em harmonia com todas as outras do grupo é simplesmente porque têm MEDO de serem expulsas da comunidade, de serem execradas, de serem hostilizadas, de serem vistas com “olho torto”…

Esse medo vem da INSEGURANÇA do indivíduo e da falta de AUTOCONHECIMENTO. Se você se conhece com mais profundidade, você certamente se ama, se você se ama, não tem porque deixar de expressar o que sente de verdade porque pode ser desaprovado pelos outros, entende?

Ele fala sobre as influências por SUGESTÃO, esse é um fenômeno psicológico muito interessante e não aprofundarei aqui porque é muito amplo. Mas quando um grupo se junta num mesmo propósito, numa mesma filosofia, numa comunhão de pensamentos, o pensamento de um entra em ressonância com o do outro e do outro e do outro até que se torna uma força magnética gigantesca. E essa força gigantesca muitas vezes enfraquece ou até mesmo elimina o pensamento crítico individual!

Isso é típico das igrejas que tem um pastor que fala com empolgação e jubilo, dos templos com gurus cheios de discursos bonitos e bem articulados. Eles HIPNOTIZAM os seguidores sabia disso? Eles aprendem técnicas para prender a atenção com maestria e isso faz com que os indivíduos deixem de ser indivíduos e passem a ser um grupo de massa, cordeirinhos que seguem o pastor, o mestre, o guru, o “grande sábio”…

O Freud nessas poucas palavras está criticando tudo isso. O Raul nas suas músicas também. E eu, na carona dos dois, estou lhe levando a se questionar sobre coisas muito simples e básicas, mas que muitas vezes tem medo de se questionar!

O que acha de se permitir pensar por você mesmo? E se você for expulso dos lugares? E se não lhe quiserem por perto? Não tenha medo! Saiba de uma coisa! Essas pessoas não estavam com você pelo que você é em essência, estavam pelo que você representava, pelo papel que você desempenhava e não mais do que isso!

Se isso acontecer, saiba que foi uma libertação! Pode ser que você sofra, que fique triste, que tenha dúvidas ou até tenha alguma vontade de voltar atrás, mas isso passa, pode ter certeza!

Enfim! Há muito mais a ser refletido, explorado e aprofundado nessas palavras brilhantes do senhor Freud, mas deixo as reflexões com você agora!

“Siga o seu próprio caminho pra ser feliz de verdade…”.

 

 

 

 

 

 

Por que eu preciso da aprovação dos outros?

Não tenha vergonha de mudar de opinião

Por Isaias Costa

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Há poucos dias li uma frase muito bacana que desconheço a autoria, mas que me deixou bastante reflexivo e imediatamente me remeteu ao grande Raul Seixas e sua sabedoria. A frase dizia o seguinte:

“Vergonha não é mudar de opinião e sim não ter opinião para poder mudar”

O Raul entendia essa frase melhor do que ninguém. Ele se dizia ser uma “Metamorfose Ambulante” e uma das frases dessa música diz: “Eu vou desdizer aquilo tudo que eu lhe disse antes…”. Essa frase está dizendo praticamente a mesma coisa que a frase exposta mais acima.

Muitos não entendem o que o Raul quis dizer com essa frase, pensam que ele está se contradizendo ou não tem convicção do que diz. Essa concepção é completamente equivocada.

Sabe o que o Raul quis dizer ao colocar essa frase na música? Que ele está APRENDENDO o tempo todo e que aquilo que foi dito antes pode e certamente será APERFEIÇOADO. E nesse processo de aperfeiçoamento, uma série de ideias e concepções antigas caem por terra completamente!

O Raul quando mais jovem certamente acreditava e falava sobre uma série de coisas que à medida que foi aprendendo e crescendo em sabedoria deixou para trás.

É libertador pensar assim meus amigos! Infelizmente muitos têm MEDO de aprenderem coisas novas, de se aperfeiçoarem e de abandonarem velhas crenças, velhos dogmas ou até mesmo velhos costumes!

O Raul em praticamente todas as músicas fazia duras críticas a todo esse medo. Eu acho linda a música “Por quem os sinos dobram”, na qual ele diz: “Coragem, coragem, se o que você quer é aquilo que pensa e faz. Coragem, coragem, eu sei que você pode mais…”. Ou seja, só pode mais aquele que vai atrás, que investiga, que não se contenta com migalhas de tudo, inclusive migalhas de conhecimento!

Eu sempre quis avançar infinitamente no conhecimento, e como até já falei em textos anteriores. Só mesmo estudando profundamente o Raul Seixas para alcançar o seu nível de compreensão da vida, algo que só estou conseguindo porque estou me dando a esse direito. Estou me dando essa abertura de mente!

Trouxe essa frase também com o objetivo de falar sobre a raiz etimológica da palavra “vergonha”. Talvez você não saiba, mas a raiz dessa palavra vem do verbo “Vergar-se”, ou seja, sente vergonha aquela pessoa que “se verga” para outra, que fica acuada, cabisbaixa, reticente, medrosa…

O Raul passou a vida inteira condenando essa atitude submissa. É por isso que eu costumo dizer nos meus textos que o sentimento de vergonha tem profundas raízes emocionais de medo que foram cultivados desde a infância.

Só podemos curar nossos medos buscando incessantemente o AUTOCONHECIMENTO, coisa que o Raul fez ao longo de toda a sua vida. Ele era um devorador de livros e tinha o sonho de ser escritor, mas sabia que no Brasil sempre foi muito difícil se destacar sendo escritor.

Desde muito jovem ele não só queria, mas sabia que se tornaria um mito, então optou pelo caminho que faria com que esse reconhecimento fosse acelerado!

Essa foi uma reflexão que tive recentemente e com alegria compartilho com você! Se o Raul tivesse se tornado de fato escritor em vez de músico, você sabia que ele se tornaria um mito também? O grande problema seria o fator TEMPO. Ele levaria talvez um século ou mais para ter seus escritos reconhecidos de forma universal. Como esse baiano magricelo era inteligente hein? hehehe.

Falo isso com propriedade porque foi assim com os grandes gênios da literatura, entre eles um dos exemplos mais enfáticos é o grande Friedrich Nietzsche. Seu pensamento estava tão à frente do seu tempo que só depois de muito tempo ele foi considerado um grande gênio e aclamado ou mesmo idolatrado por muitos.

Portanto! Assim como o Raul, quero através desse texto lhe motivar a sempre buscar mais e mais o conhecimento, porque ele é libertador. Quanto mais fundo a gente vai no conhecimento, mais nossa visão se amplia e podemos sem um pingo de vergonha “desdizer tudo aquilo que foi dito antes…”. Viva Raul!

 

Não tenha vergonha de mudar de opinião

Agora é noite na sua existência

Por Isaias Costa

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As músicas do Raul Seixas são riquíssimas de ensinamentos e sabedoria. Uma das minhas favoritas é a “Século XXI”, cuja letra tem ensinamentos diversos e profundos. Já escrevi outro texto fazendo uma breve interpretação da sua letra completa, porém, nesse texto vou aprofundar a ideia contida em uma das suas estrofes, logo abaixo. Se quiser ler o outro texto segue o link.

Bem vindo ao século XXI

“Agora é noite na sua existência
Cuja a essência perdeu o lugar
Talvez esteja ai pelos cantos
Mas está escuro pra poder encontrar”

Essa noite na existência, levando para o contexto da música, tem a ver com a falta de sentido de uma pessoa que se deixou envolver completamente pela vida materialista, mas vai muito mais além!

Essa noite na existência pode até mesmo ser feita um paralelo com a expressão “noite escura da alma”, que foi enunciada e propagada a partir de São João da Cruz, que foi um dos grandes místicos que influenciou profundamente a obra artística do Raulzito.

São João da Cruz falava dessa noite escura da alma como sendo um período de imenso vazio e falta de sentido para a vida e que um dia todos nós iremos passar, mais cedo ou mais tarde.

Mas ao contrário do que muitos pensam, é maravilhoso passar por esse deserto pessoal, porque o que surge a partir dele é um DESPERTAR DE CONSCIÊNCIA e um desejo profundo por adentrar na espiritualidade, foi o que aconteceu com o Raul quando ele mergulhou fundo no mundo esotérico, ele estava cansado da vida puramente voltada para a matéria. Ele não podia conceber que a vida pudesse ser reduzida a tão pouco.

É por tudo isso que ele diz na sua música “Ouro de tolo” isso aqui: “Porque foi tão fácil conseguir e agora eu lhe pergunto ‘E daí?’, eu tenho uma opção de coisas grandes pra conquistar e eu não posso ficar aí parado…”.

Essas coisas grandes eram as conquistas do espírito, a elevação espiritual. Não é incrível?

Depois ele diz que a essência perdeu o lugar, talvez esteja ali pelos cantos, mas tá escuro pra poder encontrar. Essa essência é verdadeiramente aquilo que a ALMA pede. Os sonhos e anseios mais profundos. Todas as pessoas que se deixam afogar pelo “monstro sist” e se tornam extremamente materialistas acabam se afastando das suas essências e sofrem imensamente com isso, porque não conseguem ter uma vida plena.

Elas correm, correm, correm, e não saem do lugar, como ratos dentro das suas casinhas domésticas.

Você quer se engodar nessas garras do “monstro sist”? Estou convidando você a se libertar dele com essa breve reflexão. Seja um buscador da verdade, da verdade que mora dentro da sua alma…

Esse “aí pelos cantos” que ele coloca na música pode ter diversos sentidos, mas eu acredito que o Raul quis dizer sobre as nossas SOMBRAS INTERNAS e sobre o nosso INCONSCIENTE.

Muitos não sabem, mas o Raul era um profundo estudioso de Psicologia, e não tenho a menor dúvida que ele leu alguma coisa do Carl Jung, pois seus escritos e teorias tem uma relação muito grande com o esoterismo e com as culturas orientais, coisas que o Raul amava e devorava os livros.

Ele entendia bem estas teorias psicanalíticas do consciente, subconsciente e inconsciente, tão aprofundadas pelo mestre Jung.

Ele diz que está escuro pra poder encontrar a essência da alma, porque ela está obscurecida pelas sombras do inconsciente. As pessoas materialistas querem saber de tudo, menos conhecer a si mesmas, por isso elas criam crostas e mais crostas de sombras, que as afastam da essência.

Elas fogem e ele faz essa comparação com o “deixar pelos cantos”. A gente coloca de lado ou pelos cantos aquilo que não valoriza, não é mesmo? Então ele está dizendo isso, que as pessoas se afastam da essência por medo, condicionamentos e por engessamento da vida.

Daí acabamos voltando para a noite escura da alma, porque a nossa alma uma hora acaba “gritando” para que possamos revelá-la a nós mesmos e ao mundo!

Ele fala sobre tudo isso e muito mais apenas nessa estrofe da música! Percebe como o Raul era um cara extremamente sábio? Somente estudando muito a sua obra é possível compreender todas essas lindas mensagens que ele transmitia.

Espero que tenha gostado dessa breve reflexão! Viva Raul!

Agora é noite na sua existência

Eu quero é ter tentação no caminho

Por Isaias Costa

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Você sabia que existe uma palavra da língua portuguesa que as pessoas “morrem de medo”, mas na realidade é uma das mais bonitas e ricas que existe?

Estou falando da palavra TENTAÇÃO. Eu amo essa palavra, eu quero ter mais e mais tentação no meu caminho.

Nada melhor do que me inspirar no mestre Raul Seixas para escrever esse texto trazendo novos paradigmas! Vamos lá?

Na sua linda música “Eu sou egoísta” ele diz:

“Enquanto eu provo sempre o vinagre e o vinho, eu quero é ter tentação no caminho, pois o homem é o exercício que faz…”

Essa frase é de uma profundidade incrível. Mas antes de interpretá-la e aprofundá-la, vamos ao significado da palavra tentação.

TENTAÇÃO = TERTAR + AÇÃO = AÇÃO DE TENTAR = TENTAR ALGO

Bacana não é mesmo? Voltando ao Raulzito! Nesta mesma música ele diz assim!

“O que eu como a prato pleno. Bem pode ser o seu veneno. Mas como vai você saber… sem tentar?”

Como você pode saber alguma coisa se você não tenta, hein?

Sabe o que é isso? MEDO, MEDO, MEDO!

O Raul foi um cara que mergulhou tanto no autoconhecimento que ele perdeu praticamente todos os seus medos! Ele sabia que tinha valor, sabia que era um ser humano diferenciado.

Não foi à toa que ele teve a coragem de dizer: “Eu sou a luz das estrelas”, ou mais forte ainda: “E não existe Deus senão o próprio homem”.

Aqui, chegando nesse ponto, podemos começar a entender porque as pessoas têm tanto medo das tentações. Sabe o que é? Esse medo foi IMPLANTADO no subconsciente individual e no inconsciente coletivo, como diria o grande Carl Jung.

E quem foram as maiores propagadoras desse medo? As religiões! E por estamos no Brasil, em especial, a católica.

Ela distorceu uma das mais profundas orações do mestre dos mestres Jesus Cristo!

Na oração do “Pai Nosso” ele diz: “E não nos deixeis cair em tentação, mas livrai-nos do mal”.

Vou explicar para você OK? É preciso entender bem o verbo CAIR. Jesus queria que buscássemos a tentação. Mas veja bem! Ele disse para não cair nas tentações, ou seja, TENTE, mas não tente pelo caminho errado.

E sabe qual é o caminho errado segundo Jesus Cristo? Aquilo que vem do EGO.

“Não nos deixes cair em tentação, mas livrai-nos do mal”

Livrar-se do mal é se livrar de tudo aquilo que vem do nosso EGO. E o “Pai nosso” é na realidade o nosso EU MAIOR, a nossa natureza crística que habita o mais profundo do nosso coração!

Sei que provavelmente estou dando um nós na sua cabeça e talvez alguns dos leitores estejam se contorcendo agora e é provável que vários nem tenham lido até aqui. Viram a palavra TENTAÇÃO e saíram correndo! rsrsrsrs

As pessoas rezam diariamente o “Pai nosso” pedindo para não ter tentação, mas é justamente o contrário. Jesus nos incentiva a buscarmos cada vez mais tentações, mas antes de tentar, é importante encontrar a SABEDORIA! Para não quebrar a cara, se machucar e machucar os outros…

E como conseguir sabedoria? Ela não cai dos céus na nossa cabeça! Jamais! Ela vem acima de tudo pela MEDITAÇÃO, pelo SILÊNCIO.

O Raul disse muito sabiamente: “E quem sabe não fala, não diz”.

Quem SABEé quem tem sabedoria! As pessoas sábias são silenciosas, já percebeu? Elas não precisam tagarelar por aí para convencer ninguém de nada. Elas são convictas de quem são e por isso permanecem em silêncio, em pura contemplação do SER.

O Raul fala nessa música que come a prato pleno. Esse prato pleno quer dizer isso. Estar vivendo de maneira PLENA. Mas para a maior parte das pessoas isso é como um VENENO. Por quê, hein? Porque dá muito medo você ser verdadeiro, você ser autêntico, você ser VOCÊ!

Então ele lança um desafio, um questionamento: “Mas como vai você saber, sem tentar?”

Você já tentou ter a coragem de ser você mesmo?

Essa é uma pergunta bem difícil sabia? Ela me faz lembrar as palavras do mestre Sócrates: “Conhece-te a ti mesmo”.

O grande segredo do universo é CONHECER A SI MESMO.

E o Raul dizia: “Dentro do mambo e da consciência está o segredo do universo”.

O segredo do universo está na sua CONSCIÊNCIA, está DENTRO DE VOCÊ!

Mas como vai você saber sem tentar? Tente! E não tente só uma vez, viu? Tente sempre, tente todos os dias! Quanto mais você tentar, quanto mais tentações, mais perto estará da sua verdade.

E complementando com Jesus: “Conhecereis a verdade e a verdade vos libertará…”.

A oração do “Pai nosso” do mestre Jesus, é bastante simbólica. Sabe o que Jesus quis dizer sobre as tentações? Ele quis dizer para não sermos MEDÍOCRES, para não ficarmos a vida inteira na MESMICE.

Essa oração seria facilmente compreendida pela grande massa se fosse substituída por essa frase: “E não nos deixeis nos tornarmos medíocres, mas livra-nos deste mal”.

Então, talvez assim, as pessoas dissessem: “Ah! Se Jesus disse isso, então vou procurar fazer o mesmo.”

Precisava gente? Acho que não! Mas hoje estou esclarecendo isso para você!

Quer sair da mediocridade? Eu escrevi um texto especial só para falar sobre ela. Se você ainda não leu, o link está logo abaixo!

A mediocridade das pessoas

Depois da leitura desse texto, será que você vai continuar com medo das tentações? Se quiser continuar com medo delas, tudo bem, trata-se de uma escolha sua! Respeito! Siga em frente!

O que acha de criar essa coragem para ser você mesmo? Para isso queira mais tentações na sua vida!

“Eu quero é ter tentação no caminho, pois o homem é o exercício que faz…”

 

 

 

Eu quero é ter tentação no caminho

Uma interpretação alternativa da música “A maçã”

Por Isaias Costa

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Fiquei muito feliz em receber recentemente uma mensagem especial de uma amiga Raulsseixista me instigando a olhar para a linda música “A maçã” do Raulzito, sob uma perspectiva completamente diferente da que a maior parte das pessoas pensa!

A interpretação mais conhecida diz que ele compôs essa música como forma de “libertar” um de suas ex-esposas para viver outros amores! Acredito que essa interpretação é bastante coerente, pois todas as frases da música podem ser levadas para refletir desta maneira. Mas facilmente você pode encontrar na internet pessoas falando sobre essa música nessa perspectiva!

Esse texto é bem diferente! Vou viajar total na sua letra! Se prepare, porque você vai ler coisas que nunca leu antes sobre o mestre Raul!

Para que você compreenda esse texto, é fundamental assistir ao videoclipe oficial gravado pelo Raul em 1975, que dá pistas desta interpretação alternativa. Confira!

Se esse amor ficar entre nós dois
Vai ser tão pobre amor, vai se gastar

Se eu te amo e tu me amas
E um amor a dois profana
O amor de todos os mortais
Porque quem gosta de maçã
Irá gostar de todas
Porque todas são iguais

Se eu te amo e tu me amas
E outro vem quando tu chamas
Como poderei te condenar
Infinita tua beleza
Como podes ficar presa
Que nem santa no altar

Quando eu te escolhi para morar junto de mim
Eu quis ser tua alma, ter seu corpo, tudo enfim
Mas compreendi que além de dois existem mais
O amor só dura em liberdade
O ciúme é só vaidade
Sofro mas eu vou te libertar
O que é que eu quero se eu te privo
Do que eu mais venero
Que é a beleza de deitar

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No clipe desta música, o Raul é apresentado como um funcionário que está trabalhando estressado, está cheio de afazeres e volta para casa dormindo dentro do metrô. Chega em casa, troca de roupa e vai deitar para dormir e começar tudo de novo no dia seguinte.

Em nenhum momento do vídeo é feita insinuação sexual nem nada parecido, o que me leva a desconfiar que a mensagem original da música tenha a ver com seu relacionamento amoroso na época!

Essa é realmente uma dúvida que eu tenho e creio ser bem difícil de ser respondida por algum raulsseixista que esteja lendo esse texto!

Estou escrevendo esse texto dando bastante abertura para que você reflita sobre essa música junto comigo OK? Ele talvez seja apenas uma mera divagação, mas pode ser que não seja não é mesmo? hehehe

Enfim! É bem provável que essa música se trate de um diálogo dentro da sua MENTE, que está vivendo em conflito com o seu CORAÇÃO.

Ele começa dizendo: “Se esse amor ficar entre nós dois. Vai ser tão pobre amor, vai se gastar. Se eu te amo e tu me amas. E um amor a dois profana. O amor de todos os mortais. Porque quem gosta de maçã. Irá gostar de todas. Porque todas são iguais”.

Ele canta essa parte da música olhando para um espelho, ou seja, ele mesmo refletido! Não é bacana? Pensei nessa frase como sendo a pobreza de viver um amor formatado de acordo com o convencional, com a mediocridade! O amor de todos os mortais seria isso, os medíocres, que infelizmente, compõem a maior parte da população, não só do Brasil, mas do mundo inteiro.

E a maçã seria os caminhos convencionais oferecidos pela sociedade: ganhar dinheiro, trabalhar para enriquecer um patrão, ter reconhecimento, conquistar títulos, status e uma série de coisas que ele via como besteira, como baboseira!

E quem gosta de uma maçã vai gostar de todas, pois todas as maçãs são iguais, só levam você para o mundo da MATÉRIA, nenhuma maçã pode lhe levar para a TRANSCENDÊNCIA, para o mundo da ESPIRITUALIDADE, que encantava e fascinava o grande Raulzito!

Na estrofe seguinte ele diz: “Se eu te amo e tu me amas. E outro vem quando tu chamas. Como poderei te condenar. Infinita tua beleza, como podes ficar presa. Que nem santa no altar…”

Essa é uma estrofe complexa, mas creio que ele esteja falando sobre a grandeza que existe na nossa alma, essa grandeza que pode nos levar a sermos eternizados, como ele mesmo foi! Mas a maior parte das pessoas prefere ficar presa à vidas medíocres e sem graça.

Então como uma espécie de chacota, ele compara com a vida das freiras, que no seu entendimento, é monótona, escravizante e sem prazer!

Essa estrofe é um diálogo entre o CORAÇÃO e a MENTE. “Se eu te amo e tu me amas e outro vem quando tu chamas, como poderei te condenar…” talvez seja a tristeza do coração ao ver a mente seguir um caminho triste que só leva ao sofrimento associado à vida materialista!

É como se o coração dissesse: “Não vá por aí meu amigo! Não vá por aí! Esse caminho não vai te fazer feliz…”.

O único caminho que pode nos fazer felizes é o caminho que tem coração. Como falei em outro texto: “Há tantos caminhos, tantas portas, mas somente um tem coração…”.

Há tantos caminhos, tantas portas

Então o coração questiona que não pode condenar a mente porque ela escolheu seguir um caminho de sofrimento, entende? Eu acho essa visão bem interessante!

Depois ele vai para as frases finais da música: “Quando eu te escolhi para morar junto de mim. Eu quis ser tua alma, ter seu corpo, tudo enfim. Mas compreendi que além de dois existem mais. O amor só dura em liberdade. O ciúme é só vaidade. Sofro mas eu vou te libertar. O que é que eu quero se eu te privo, do que eu mais venero, que é a beleza de deitar…”

Nestas frases, é como se o Raul estivesse dizendo que está vivendo em conflito, porque está infeliz com o seu trabalho massacrante. Essa escolha de “morar junto de mim” seria a MENTE querendo dominar tudo, inclusive seu coração, suas escolhas, seus amores, seus sonhos! É daí que vem a perspectiva do “além de dois”, esse além são todos os setores da vida do Raul: amor, trabalho, dinheiro, família, saúde, lazer, espiritualidade etc.

O amor só dura em liberdade é sem dúvida a frase que resume essa música! Ou seja, o amor só pode existir na vida do Raul e de qualquer pessoa se ele vem em LIBERDADE.

Ciúme é sentimento de quem está identificado com a mente! Nessa frase ele está dizendo que sente ciúme, mas que vai libertar a mente. Talvez esse libertar possa ser uma mulher, mas acredito que ele quis ir mais além, talvez seja a sua mente, para dar lugar ao seu coração, e desta forma, abrir espaço para o verdadeiro amor!

Então ele conclui dizendo que o que mais venera é deitar. Na interpretação clássica, esse deitar significa “fazer sexo”. Pode ser! Mas pode e provavelmente é bem mais que isso! Esse deitar talvez seja a LIBERDADE DE PENSAMENTO.

O deitar tem essa conotação, deixar os pensamentos quietos, calmos, para poder relaxar.

Perceba! Quando vamos deitar para dormir, estamos com a mente cheia por ter passado o dia inteiro trabalhando, então serenizamos, aquietamos nossa mente, e dentro de minutos, já estamos dormindo!

O que o Raul mais gostava era de filosofar sobre a vida, se aprofundar nos mistérios da humanidade, conhecer o universo, os discos voadores etc. Ele associou essa sua busca com a palavra “deitar”, que significa deixar seus pensamentos livres!

Enfim! Essa é a que chamo de “interpretação alternativa” para essa música! Convido você a assistir mais uma vez a esse clipe para analisar se o que falei faz sentido com o que o Raul mostra nas cenas dele!

Eu acredito que essa é uma interpretação coerente, apesar de meio maluca! Mas isso é bom, afinal, o Raul também era meio maluco, não é? Por causa disso ele despertou fãs meio malucos como ele!

Nos vemos nas próximas viagens filosóficas rausseixistas…

 

 

Uma interpretação alternativa da música “A maçã”